sábado, 26 de março de 2011

Time de Futebol paga sacríficio de candomblé encomendado por torcerdor

Nesta terça-feira (23/03), no início da tarde, dois representantes enviados pela diretoria do Sport subiram as ladeiras do Jordão Baixo para bater na porta do babalorixá Pai Carlos. Na Catedral de Ynhansã, um terreiro de candomblé, o assessor de imprensa do clube, Amaury Veloso, entregou uma maleta com R$ 5 mil ao pai de santo, valor referente à dívida que teria sido contraída pelo Sport em 2008, segundo explicou o babalorixá.

Ao misturar de maneira oficial (o pagamento foi autorizado pelo presidente Gustavo Dubeux) futebol com religião, a diretoria rubro-negra escancara seu grau de desespero com a má fase do time, seriamente ameaçado de ser eliminado ainda na primeira fase do Pernambucano. Senão o maior, o adeus precoce ao sonhado hexa seria certamente um dos maiores vexames da história do clube.

A história começa com o título da Copa do Brasil. Há aproximadamente três anos, um torcedor contratou os serviços do babalorixá com o objetivo de ´assegurar`a inédita conquista. Até hoje o nome do empresário é mantido em sigilo. Segundo Pai Carlos, depois da confirmação do título, Exu, entidade que teria "ajudado" o Sport, pediu uma oferenda em troca ao clube. "Exu queria um búfalo, mas é complicado achar por aqui. Então ele aceitou um boi mesmo. O pagamento tinha que vir do clube, não podia ser de torcedor", disse.

Pai Carlos, no entanto, esclarece: "O boi não garante o hexa. O Sport apenas pagou uma dívida. Não estou fazendo nenhum trabalho para o time ser campeão. Mas o pagamento vai abrir os caminhos e espantar a nuvem negra que ronda o Sport. Agora resta aos jogadores e ao técnico lutar e se preparar espiritualmente."

De acordo com Pai Carlos, o dinheiro será totalmente revertido para a compra de um boi. O babalorixá garante que vai conversar com Exu para evitar o sacrifício do animal. "Se ele autorizar, prefiro doar o boi para uma entidade filantrópica." As ameaças de torcedores têm sido frequentes. "Eles dizem que vão me mandar para o Cotel, que não posso matar o boi. Se for assim, terão que prender todos os babalorixás."

O ritual será realizado no mesmo terreiro visitado na terça pela reportagem do Superesportes. Apesar de ainda não ter sido agendado, deve ocorrer até a próxima sexta-feira. Uma cerimônia a portas fechadas, com cerca de quatro horas de duração, que deve contar com a presença de 25 pessoas.

Saiba Mais
Em 1999, em meio à pior crise de sua história, o Náutico também pagou um boi. Em vez do Pai Carlos, ao Pai Edu. Com o clube afundado na Terceira Divisão, os dirigentes do clube resolveram saldar uma dívida antiga com o babalorixá.

Pai Edu foi contratado para ajudar o Náutico a ser campeão pela primeira vez em 1963. Dispensado no início de 1967, foi chamado às pressas para "recuperar" o time. O Timbu foi novamente campeão. Mas o boi não foi pago. Em 1968, os dirigentes quiseram quitar a dívida, mas a entrega de um boi castrado não satisfez o pai de santo. De 1968 a 1998, o Náutico conquistou apenas quatro títulos.

Fonte: Pernambuco.com
Publicado também no Caderno de Esportes do Diário de Pernambuco, 23/03/2011.

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